NÃO EXISTE "LIVRE ARBÍTRIO" - por Martinho Lutero (1483-1546)

Aqueles que pregam o "livre arbítrio" afirmam que se não há "livre arbítrio", então também não há lugar para o mérito ou para a recompensa.


O que dirão os defensores do "livre arbítrio" a respeito da palavra "gratuitamente", em Romanos 3.24? Paulo diz que os crentes são "justificados gratuitamente, por sua graça". Como interpretam "por sua graça"? Se a salvação é gratuita e oferecida pela graça divina, então não se pode conquistá-la ou merecê-la. No entanto, Erasmo argumenta que a pessoa deve ser capaz de fazer alguma coisa a fim de merecer a sua salvação, ou ela não merecerá ser salva. Erasmo pensa que a razão pela qual Deus justifica uma pessoa e não outra, é que uma delas usou de seu "livre arbítrio", e tentou tornar-se justa, enquanto que a outra não o fez. Ora, isso transforma Deus em alguém que diferencia pessoas, ao passo que a Bíblia ensina que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). Erasmo e algumas outras pessoas, como ele, admitem que os homens conseguem fazer muito pouco, através de seu "livre arbítrio", para obterem a salvação. Afirmam que o "livre arbítrio" tem apenas um pouco de merecimento - não é digno de muita recompensa. E, não obstante, ainda pensam que o "livre arbítrio" torna possível às pessoas tentarem encontrar a Deus. Imaginam, igualmente, que se as pessoas não tentam encontrá-Lo, cabe exclusivamente a elas a culpa, se não recebem a graça divina.

Portanto, sem importar se esse "livre arbítrio" tem grande ou pequeno mérito, o resultado é o mesmo. A graça de Deus seria obtida por meio do "livre arbítrio". Todavia, Paulo nega toda noção de mérito quando afirma que somos justificados "gratuitamente". Aqueles que dizem que o "livre arbítrio" possui apenas um pequeno mérito, erram tanto como aqueles que dizem que ele possui muito mérito, pois ambos ensinam que o "livre arbítrio" tem mérito suficiente para obter o favor de Deus. Portanto, em quase nada diferem um do outro.

Na verdade esses defensores da ideia do "livre arbítrio" nos dão um perfeito exemplo do que significa "saltar da frigideira para dentro do fogo". Quando dizem que o "livre arbítrio" tem apenas um pequeno mérito, pioram a sua posição, ao invés de melhorá-la. Pelo menos aqueles que dizem que o "livre arbítrio" envolve uma grande mérito (os chamamos de "pelagianos") conferem um elevado preço à graça divina, porquanto concebem que um grande mérito é necessário para alguém obter a salvação. Todavia, Erasmo barateia a graça divina, dizendo ser possível obtê-la por meio de um débil esforço. No entanto, Paulo transforma em nada essas duas ideias usando apenas uma palavra - "gratuitamente" (Rm 3.24). Mais adiante, em Romanos 11.6, ele declara que a nossa aceitação diante de Deus depende apenas da graça de Deus: "E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça". O ensino paulino é perfeitamente claro. Não existe tal coisa como mérito humano aos olhos de Deus, sem importar se esse mérito é grande ou pequeno. Ninguém merece ser salvo. Ninguém pode ser salvo através das obras. Paulo exclui todas as supostas obras do "livre arbítrio", estabelecendo em seu lugar apenas a graça divina. Não podemos atribuir a nós mesmos a menor parcela de crédito para nossa salvação; ela depende inteiramente da graça divina.

- por Martinho Lutero (1483-1546)

Em Cristo,
Pr Ivair J. Lehm

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